terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Contratenor

Como contratenor, pesquiso há muitos anos sobre esse registro vocal, tão especial, tão lindo! (sou suspeitíssimo pra falar, né? Hehehe!)...mas o que é ser um contratenor, afinal?

Muito se fala, muito se questiona... e uma verdade absoluta não creio que seja encontrada, porém existem opiniões que são bem aceitas e que acabam definindo esse termo.

A palavra contra vem de contraposição, isto é, na pauta musical é a linha escrita acima da linha do tenor, que se contrapõe à do tenor. O termo contratenor é utilizado desde o séc. XIV e teve um ressurgimento massivo em popularidade na segunda metade do séc. XX, parcialmente devido a pioneiros como os cantores Alfred Deller (Inglaterra, foto1) e Russel Oberlin (EUA, foto 2) e pelo aumento de popularidade da ópera barroca (falarei sobre o barroco na próxima postagem). Essa característica vocal foi muito utilizada na música religiosa a partir dessa época. A utilização de contratenores caiu em desuso com o aparecimento dos cantores castrados que surgiram na Espanha, no séc. XVI.

Durante os séculos de dominação árabe na Espanha, observou-se que os eunucos, castrados antes da puberdade, não apresentariam mudanças na voz mais tarde. A partir daí, começou a castração de meninos para cantarem nas igrejas, pois a epístola de São Paulo aos Coríntios diz que as mulheres devem permanecer caladas durante as cerimônias religiosas. O apogeu dos castrados foi de 1650 a 1750 sendo Alessandro Moreschi (1858-1922) o último castrado profissional. No entanto, na Inglaterra os contratenores continuavam requisitados. Os compositores Purcell e Händel escreveram grandes papéis para essas vozes.

Logo, o ontratenor é um cantor masculino adulto que canta numa tessitura correspondente à do contralto, mezzo-soprano ou até mesmo à do soprano, através ou não do uso da técnica do falsete (que é produzido pela vibração das pregas vocais verdadeiras que ao invés de uma adução completa mantém uma abertura paralela durante a produção do som formando uma pequena fenda paralela e com menor pressão glótica) .

Apesar de serem mais comum encontrarmos obras para essas vozes nos períodos da música renascentista e barroca, alguns contratenores modernos exploram um repertório bem extenso. Podemos ver contratenores fazendo o Cherubino (Bodas de Fígaro, Mozart); Príncipe Orlofsky (Die Fledermaus, Strauss); Oberon (Midsummer Night's Dream, Britten), entre outras.

Um comentário:

Rodrigo disse...

Que interessante. Também pesquiso sobre vozes, em especial os tipos de vozes utilizados no canto lírico, litúrgico,etc. mas como curioso.
Admiro muito a voz do tenor e do contra tenor, quisera eu ter um alcance vocal assim.